Projecto Quorum

“WHITE R.” de BRUNO DUARTE

“Alexei took the first bath after Tobolsk; his knee is getting better, but he can’t completely straighten it. Weather is warm and pleasant. No news from the outside.” 

Esta foi a última entrada do diário do último Czar da Rússia, Nicolau II.

4 dias depois, seria assassinado, com toda a sua faília, na cave onde estavam exilados.

“CONGA” de INÊS GODINHO

s.f.1 MÚSICA dança afro.americana, com ritmo semelhante ao da rumba; 2 MÚSICA instrumento musical de percussão, de origem africana, semelhante a um tambor.

Pausa.

CONGA, usada como sinónimo de local inconveniente ou situação enrascada.

Um verdadeiro matagal selvagem e denso. 

Um encontro entre especies humanas, não-humanas ou sem existência real.

Um impiedoso inconsciente que entoa ‘HOLDING OUT FOR A HERO’ de Bonnie Tyler, como também, dando uma reviravolta, aguçando o prazer de coçar o escalpe, sussurrando ‘NEVER GONNA GIVE YOU UP’ de Ricky Astley.

‘Basicamente, somos todos uns grandessíssimos Vilões’ ; citando uma oração dos nossos Heróis.

O importante é saber que em CONGA não há hierarquias.

Nem salvação.

Se o inconsciente se manifesta como esta CONGA, então será melhor começar a fazer as malas.

“REQUIEM” de Filipe Narciso

“Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu”

Fernando Pessoa